Laura se aproxima de casa, tira da bolsa a chave da portaria, olha com alguma displicência para o rapaz que vem atravessando a rua e vai entrando no edifício.
– Esqueci a minha chave, posso
entrar com você?
– Não sabia que você morava aqui.
– Mundo pequeno, né?
Ela abre a porta e deixa que ele
entre.
– De onde eu te conheço?
– Daqui mesmo.
– Não, de outro lugar.
– Da saída da escola, eu acho...
– É isso aí.
– Você não foi à aula hoje?
– Fui ao dentista.
Interrompem a conversa com a chegada do elevador. Laura aperta o sexto e ele apressa-se em apertar o oitavo antes
que ela pergunte para qual andar gostaria de ir.
– Arranquei um dente.
– É verdade, o seu lado esquerdo tá
meio inchado.
– E dói.
– Imagino... qual é o seu apartamento?
– Por quê?
– Curiosidade.
– The curiosity killed the cat...
– O quê?
– É um ditado inglês.
– Você mora com quem?
– Papai e mamãe.
– Tem namorado?
– A esperança é a última que morre.
– É um ditado inglês também?
– Chegou.
– O quê?
– O meu andar.
– Ah, é...
Laura sai, acena e sorri. Ele
acompanha hipnotizado o rastro de seu perfume e o movimento daquele belo par de substanciosas coxas pelo corredor
afora.
– Eu te amo! – cochicha para si.
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